Sines desequilibra contas nos portos do Continente
O movimento de navios cresceu 3,2% nos primeiros dois meses nos portos continentais ๐ท Pixabay ๐ท |
Os 2 primeiros meses de 2018 vieram confirmar a tendรชncia negativa que se verificou em janeiro nos portos do Continente portuguรชs, segundo a Autoridade da Mobilidade e dos Transportes.
por Paulo Camacho
No conjunto, em janeiro e fevereiro, os portos comerciais do Continente movimentaram 14,7 milhรตes de toneladas, menos 1,28 milhรตes de toneladas face a igual perรญodo de 2017.
A diminuiรงรฃo do volume de carga reflete uma quebra de - 8%, interrompendo um ciclo de variaรงรตes positivas que se tinham vindo a verificar desde 2012 e que atingiram o seu auge no ano de 2017, registando a melhor marca de sempre.
Este resultado รฉ demonstrativo da conjugaรงรฃo de desempenhos distintos dos vรกrios portos, em especial de Leixรตes e Aveiro, que registaram o volume de carga mais elevado de sempre nos perรญodos homรณlogos, apรณs acrรฉscimos respetivos de +5% e +21,6%.
Figueira da Foz, Lisboa e Setรบbal tambรฉm registaram desempenhos positivos, apรณs terem apresentado em janeiro-fevereiro de 2018 variaรงรตes de +26,4%, +3,9% e +3,3%, respetivamente.
Sines desequilibra as contas
Sines apresentou um decrรฉscimo de - 19,1%, correspondente a cerca de -1,7 milhรตes de toneladas, absorvendo, por completo, o somatรณrio das variaรงรตes positivas registadas. Importa referir, antes de mais, que o perรญodo janeiro-fevereiro 2018 estรก a ser comparado com o seu homรณlogo de 2017, no qual Sines registou um notรกvel pico de atividade.
Assim, o comportamento deste porto reflete provavelmente um regresso ร trajetรณria normal, a que reporta a um crescimento global de carga de +8,2% e +20,2% na Carga Contentorizada, quando comparado aos valores homรณlogos de 2016.
Sines, embora tenha perdido -6,9%, mantรฉm a maioria absoluta (que havia perdido em janeiro deste ano) com uma quota de 50,1%.
Na reduรงรฃo do peso relativo do volume de carga movimentada, Sines รฉ apenas acompanhado pelo porto de Faro, que cai ligeiramente para um valor simbรณlico inferior a 0,1%.
Todos os outros portos reforรงam as respetivas quotas, com destaque para Leixรตes, que sobe 2,6% para 20,8%, e Lisboa e Aveiro, que ganham 1,5% para 12,8% e 6,1%, respetivamente.
Os mercados
Analisando os mercados na dupla vertente geogrรกfica e de produto, constatam-se comportamentos negativos que totalizam uma reduรงรฃo total de -2,1 milhรตes de toneladas, para a qual o porto de Sines, na Carga Contentorizada contribui com - 826,9 mil toneladas (correspondente a uma quebra de -20,7%), nos Produtos Petrolรญferos, com -531,6 mt (-23,1%), no Petrรณleo Bruto, com -147,3 mt (-8%) e no Carvรฃo, com -171,2 mt (-20,5%), que no conjunto representam 79,8% da referida quebra total.
A influรชncia positiva com efeitos mais significativos foi exercida pelos mercados dos Produtos Agrรญcolas em Lisboa, com um acrรฉscimo de +145,1 mil toneladas (corresponde a +36,7%), o dos Produtos Petrolรญferos em Aveiro, com +91 mil toneladas (+187,3%), e o Petrรณleo Bruto em Leixรตes, com um acrรฉscimo de +74 mil toneladas (+10%), comparativamente aos valores verificados no perรญodo homรณlogo de 2017.
Trรกfego de Contentores
O trรกfego de Contentores traduz uma variaรงรฃo negativa global de -10%, correspondente a uma ‘perda’ de 50 mil TEU, refletindo, fundamentalmente, o comportamento do porto de Sines, cujo movimento registou -54,5 mil TEU do que no perรญodo homรณlogo de 2017, que corresponde a uma quebra de -17,6%.
A contrariar o desempenho negativo deste porto, bem como de Leixรตes e da Figueira da Foz, com recuos respetivos de -0,8% e de -5,6%, que traduzem uma reduรงรฃo total de -55,5 mil TEU nos dois meses em anรกlise, surge o desempenho positivo de Lisboa e Setรบbal com acrรฉscimos, respetivos, de +5,4% e +8%, traduzindo-se num aumento de +5,5 mil TEU.
O porto de Sines, fortemente influenciado pelo trรกfego de transhipment, continua a ser determinante no segmento dos Contentores, tendo sido responsรกvel pela variaรงรฃo global negativa apresentada no perรญodo em anรกlise, com uma quebra de -22,9%, sendo que representou 78,1% do volume total de TEU movimentado no prรณprio porto e 44,3% do volume total.
De referir que estes valores sรฃo reflexo do pico de movimento observado em 2017 face a 2016.
Mais escalas
O movimento de Contentores observado nos portos comerciais do Continente, tendo o respetivo hinterland como origem ou destino, registou nos meses janeiro-fevereiro de 2018 um comportamento positivo, quer no porto de Sines, com +9,3%, quer em termos globais, com um acrรฉscimo de cerca de +2,1%.
Relativamente ร s escalas de navios de diversas tipologias, os portos em anรกlise registaram nos primeiros 2 meses deste ano um total de 1.691 escalas, +3,2% face ao perรญodo homรณlogo de 2017, correspondente a uma arqueaรงรฃo bruta de 29,7 milhรตes, menos -1,3% face a igual perรญodo do ano anterior.
A generalidade dos portos, com exceรงรฃo de Sines e Faro, registou um aumento do nรบmero de escalas, tendo Aveiro, Douro e Leixรตes, Setรบbal e Lisboa sido responsรกveis pelos aumentos mais significativos, com variaรงรตes positivas de +10,9%, +3,6%, +5,1% e +2,7%, respetivamente.
Carga embarcada
No segmento da carga embarcada, o comportamento negativo verificado no perรญodo janeiro-fevereiro de 2018 รฉ generalizado aos diversos mercados, registando-se acrรฉscimos apenas nos embarques da carga Ro-Ro (+55%), Produtos Agrรญcolas (+44,1%), Carvรฃo (+3,1%), Outros Granรฉis Sรณlidos (+1,1%) e Outros Granรฉis Lรญquidos (+19,7%). Das variaรงรตes negativas destacam-se a Carga Contentorizada (onde a quota representa 49,9%), que reduziu o volume dos embarques em -11,1%, e os Produtos Petrolรญferos (cujo volume embarcado representa 23,9%), que recua - 18,3%.
Carga desembarcada
Quanto ao volume de carga desembarcada, na qual as “importaรงรตes” representam tradicionalmente mais de 90%, verificou-se um comportamento positivo apenas nos mercados dos Produtos Agrรญcolas e Outros Granรฉis Sรณlidos, que, face ao perรญodo homรณlogo de 2017, registam acrรฉscimos de +32,9% e +12,6%, respetivamente. Neste segmento de mercado regista-se um aumento generalizado do volume movimentado nos diversos portos, sendo Sines a รบnica exceรงรฃo, que registou uma quebra de -18,8%, vendo a sua quota reduzir 8 pontos percentuais, mantendo, no entanto, a maioria absoluta, com 50,8%.
Os mais exportadores
Viana do Castelo, Figueira da Foz, Setรบbal e Faro sรฃo os portos que apresentam um perfil de porto “exportador”, registando um volume de carga embarcada superior ao da carga desembarcada, de 79,1%, 67,7%, 51,5% e 100%, respetivamente.
Sublinha-se, no entanto, que o volume agregado da carga embarcada por estes portos representa apenas 14,7% do total, dos quais 9,6% cabem a Setรบbal.
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