Ninguém se espantaria se 2024 fosse um ano de desaceleração
O presidente da Associação Portuguesa das Agências de Viagens e Turismo, Pedro Costa Ferreira, disse esta tarde, no discurso de abertura do 48.º Congresso Anual da APAVT, que decorre no Porto, que “2023 foi um ano de recuperação e de reconfirmação”.
Perante
cerca de 800 congressistas, explicou que 2023 está a ser de recuperação “porque
as agências de viagens tiveram este ano, de um modo geral, uma boa demonstração
de resultados, nalguns casos, a melhor de sempre”. E de reconfirmação, porque “foi
também um ano em que o sector das agências de viagens se revelou altamente
competitivo, batendo recordes de emissão de passagens aéreas regulares; aumentando
a influência na operação de lazer dos portugueses, com novos destinos e mais operações
charter; aumentando a capacidade de trazer eventos e turistas para todos os
cantos do nosso País”.
Não obstante, Pedro Costa Ferreira evidenciou que, apesar do bom ano para contar, “a verdade é que uma realidade complexa se desenha perante nós, quando olhamos para 2024.
Uma guerra que se alonga e que se alastra para outras partes do mundo. A inflação que se mantém, apesar de menos dinâmica; as taxas de juro que continuam a crescer; a instabilidade política internacional, e agora também nacional”.
Por isso mesmo, admitiu que “ninguém se espantaria se o 2024 fosse um ano de desaceleração dos fantásticos números entretanto alcançados, o que não deixará de impactar o sector, que, trabalhando a ritmo superior a 2019, é certo, está também a amortizar as dívidas contraídas ao longo da crise pandémica”.
Em relação à sustentabilidade, sugeriu aos agentes de viagens que sigam o exemplo dos colegas que já seguem boas práticas de sustentabilidade, “bem como as demonstram perante terceiros, através de processos de certificação. Será uma transição mais fácil, mais suave, e certamente associada a melhores resultados”.
No que se refere ao tema do Congresso, o desafio da inteligência artificial, questionou se esta vai “ultrapassar-nos a todos, fazendo implodir o setor?” Respondeu que “responder, hoje, a esta questão, será um exercício mais próximo daquilo que desejamos, do que do que efetivamente sabemos que vai acontecer. Não sabemos. Face ao impacto brutal da inteligência artificial, ninguém, nenhum setor económico, pode desde já prever o seu próprio futuro, ou sequer garante a sua sobrevivência. Mas isso, não nos impede de agir. Porque se não sabemos se a inteligência artificial nos vai ultrapassar a todos, temos já a certeza de que seremos ultrapassados por quem utilizar a inteligência artificial. Mãos à obra, portanto”.
Pedro Costa
Ferreira teceu ainda críticas pelo estado da fiscalização no setor. Acusa a
existência de que “cada vez temos mais ilegais, que simplesmente atuam sem RNAT
[Registo das Agências de Viagens], de forma absolutamente impune”.
Neste âmbito,
recordou que durante a sua presidência, a APAVT fez mais de 100 denúncias à
ASAE, por prática de atividade de agência de viagens, sem RNAVT. “A nossa
principal dúvida é o que acontecerá primeiro, o regresso de D. Sebastião, ou a
recepção da primeira resposta por parte da ASAE”.
A concluir, referiu-se
à “crise que os políticos portugueses criaram. Mais uma”. “A última coisa de
que precisávamos era de mais uma crise política”.
Daí que tenha
sublinhado que o que os cidadãos, os empresários e os trabalhadores esperam, é
que todos os políticos sejam responsáveis como alguns não têm sido, criando
assim condições para que se saia das próximas eleições, com uma solução
política viável, e com uma relação com a coisa pública que não envergonhe a
classe política, mas, sobretudo, que não nos envergonhe a todos”.
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