Raízes do Atlântico abre com Xarabanda e fecha com Simone
Ontem, os preparativos para o festival já estavam bem adiantandos 📷 Festival Raízes do Atlântico 📷 |
A edição de 2018 do Festival Raízes do Atlântico começa amanhã no Funchal, na ilha da Madeira. Este ano, tem nova casa. Vai decorrer, pela primeira vez, na Praça do Povo, com entrada gratuita nos seus 6 Concertos.
por Paulo Camacho
O Festival tem-se revelado uma referência no panorama musical regional, nacional e internacional, na vertente world music, contribuindo, de forma significativa, para o reconhecimento da Região e da sua oferta cultural, além fronteiras.
Organizado pelo Governo Regional, celebra a “atlanticidade”, a união de povos que se reconhecem entre si pelos sons e ritmos, retratando um rizoma comum, espelhando a simbiose sonora resultante das migrações dos povos atlânticos e da respetiva miscigenação.
Do programa para este ano e além da participação de grupos e músicos portugueses e madeirenses, fazem parte artistas de renome internacional que garantem um cartaz de qualidade superior, enfatizando, precisamente, a “atlanticidade” de proveniências diversas, como Brasil, Cuba e Cabo Verde.
O Festival começa com a primeira atuação desta quinta-feira à noite com a Associação Xarabanda, recentemente condecorada no Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas. O encerramento será com um espetáculo de Simone, uma estreia absoluta na Madeira.
Programação
5.ª feira, dia 14 de junho
Xarabanda (Madeira)
21h00
No ano em que pretende editar uma coletânea com a sua obra completa, após 37 anos de trabalho incansável, recolhendo, analisando, recriando e divulgando as tradições musicais da Região, a Associação Xarabanda apresenta-se com algumas novidades no repertório e na valorização do património imaterial.
Por forma a estar mais perto das suas raízes, este ano, o grupo convida alguns cantadores de improviso da tradição musical madeirense que, em conjunto, irão interpretar géneros mais caraterísticos da Região. Charamba, Bailinhos, Mouriscas, Jogos de Roda, Histórias Cantadas entre outros, são algumas das formas musicais a ouvir.
Brenda Navarrete (Cuba)
22h30
Brenda Navarrete é uma jovem cantora, percussionista, compositora e arranjista com uma base sólida de jazz latino e influências afro-cubanas, que abriu as suas asas para a World Music. Já trabalhou com uma série de artistas de renome, incluindo a trupe de percussão afro-cubana, Obini Bata, o músico de jazz Joaquin Betancourt, Alain Perez, Munir Hossn e, como cantora, com a internacionalmente aclamada banda “Interactivo”, liderada por Roberto Carcasses.
6.ª feira, dia 15
Brigada Victor Jara (Portugal Continental)
21h00
No início o canto, a Brigada Victor Jara era de intervenção, em versões de cantigas de José Afonso, Sérgio Godinho, Victor Jara, Quilapayum.
O primeiro contacto com a Música Tradicional aconteceu no Grupo de Etnografia e Folclore da Academia de Coimbra, num ou noutro dos discos-de-capa-de-sarapilheira editados pelo Michel Giacometti, num ou noutro encontro com músicos ou cantadores populares.
A Brigada Victor Jara nunca pretendeu desempenhar o papel de preservador da memória musical do seu povo, nem iniciou o seu trabalho para atender a modas. Antes se foi ocupando a recontar as melodias apreendidas, misturando-as com os sons das suas próprias vivências.
Desigual, a sua discografia é o resultado de um longo processo em que diversos músicos, atravessando o grupo na sua trajetória, vão dizendo de sua justiça, com uma preocupação central e essencial na arte popular, a de contar um conto, acrescentando-lhe um ponto.
Lura (Cabo Verde)
22h30
Lura é uma representante da herança cabo-verdiana, do seu povo, tradições e música, tudo refletido na arte do cantor mais melodioso e carismático de toda uma geração de artistas cabo-verdianos.
O canto de Lura lembra como a essência do multiculturalismo e da música crioula tradicional deram origem a um gênero vocal universal no coração do segredo mais bem guardado da África: Cabo Verde.
Sábado, dia 16
Terras da Vera Cruz (Madeira)
21h00
Terras da Vera Cruz enquadra-se na lusofonia atlântica, nas suas práticas musicais, ritmos, cultura e diversidade.
Entre músicas originais e arranjos de emblemáticos temas da Madeira, Açores e Cabo Verde, entrelaça também, na Viola de Arame, os ritmos do Brasil numa roupagem que pretende ser moderna nas harmonias mas verdadeira na expressão.
Este é ainda o momento para celebrar os 600 Anos da Descoberta da Madeira do seu legado na construção da lusofonia, de Portugal no Atlântico, das Ilhas Afortunadas e das Terras de Vera Cruz.
Simone (Brasil)
23h00
Simone é uma das mais importantes, populares e premiadas cantoras do Brasil. É da sua responsabilidade a popularização de muitos temas de grandes compositores brasileiros como Ivan Lins, Chico Buarque, Gonzaguinha, João Bosco, Isolda, Sueli Costa, Paulinho da Viola, entre outros, incluindo no repertório mais atual composições de Zélia Duncan, Cássia Eller, Adriana Calcanhotto, Zeca Pagodinho e Lenine.
Foi considerada uma cantora de causas, como aconteceu com “Começar de novo” que foi uma das primeiras músicas brasileiras feministas. Foi a primeira a interpretar “Caminhando”, após a abolição da censura no Brasil.
A sua versatilidade vocal permitiu-lhe interpretações ao lado de Pablo Milanés, Plácido Domingo, José Carreras e Júlio Iglesias, entre outros.
Foi considerada nos anos 80 a maior vendedora de discos de toda a década no Brasil, tendo sido três vezes nomeada para concorrer ao Grammy Latino.
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