OpiniĆ£o: Um dia
Fiz esta fotografia no dia 27 de fevereiro de 2010 a mostrar a vida tranquila na Avenida Arriaga š· Paulo Camacho š· |
Hoje Ć© um dia como qualquer outro no ano. O calendĆ”rio aponta ser dia 20 de fevereiro de 2018. E como tal, devia ser vivido na ilha da Madeira com toda a normalidade possĆvel porque nĆ£o se comemora nada de relevo. Aquilo que Ć© ou foi mau nĆ£o deve ser esquecido mas tambĆ©m nĆ£o deve ser enaltecido.
AtĆ© porque o que se passou a 20 de fevereiro de 2010 foi marcante e de uma forma acentuada no Funchal pelo que depois de sarar as feridas e procurar as soluƧƵes possĆveis para que nĆ£o volte a acontecer com aquela dimensĆ£o a hora Ć© de continuar a olhar para a frente.
E escrevo isto por duas razƵes.
A 1.ĀŖ razĆ£o
A primeira razĆ£o tem a ver com a nossa vivĆŖncia enquanto madeirenses. A verdade Ć© que a chuva acentuada naquele dia deixou marcas no terreno e igualmente na nossa forma de estar e de viver. A partir daquele dia quase todos passaram a ter uma preocupaĆ§Ć£o adicional: como ia estar o tempo. E lĆ” andava uma boa parte das pessoas a ver o que nos perspetivava a metereologia entrando em pĆ¢nico quando se previa muita chuva, coisa que nĆ£o acontecia anteriormente.
Com o tempo, essa preocupaĆ§Ć£o foi esbatendo e hoje estamos menos stressados, pese embora ainda subsistam casos preocupantes.
Desta forma, se avivamos um dia que foi muito mau para as nossas vidas a verdade Ć© que vamos estar a reacender rastilhos.
A 2.ĀŖ razĆ£o
A segunda razĆ£o tem a ver com o facto de sermos uma terra de turismo. Uma terra fortemente dependente do turismo, reforƧo.
Felizmente, os nĆŗmeros evidenciam um crescimento contĆnuo nos fluxos turĆsticos e essa questĆ£o parece ter sido varrida na altura dos turistas escolherem a Madeira como destino de fĆ©rias, pese embora, em abono da verdade, Ć© que mesmo aqueles que eventualmente tenham aqueles momentos na retina, se pesaram essa preocupaĆ§Ć£o com a instabilidade que se vive em alguns destinos concorrentes fortes da bacia do MediterrĆ¢neo, a nossa ilha acabarĆ” por ser vista como menos perigosa.
Mostrar a ilha tranquila
E esta preocupaĆ§Ć£o de nĆ£o ampliar mais o problema do que realmente deve ser tratado jĆ” aconteceu comigo logo no dia seguinte Ć quele dia 20 de fevereiro. Quando todos procuravam cada vez mais lenha para atiƧar o fogo posso orgulhar-me de ter sido o primeiro a remar em sentido contrĆ”rio como pode comprovar neste link do Madeira Travel News e neste link do Funchal Daily Photo.
Sem esconder a realidade mostrei que mesmo a poucos metros dos estragos do mau tempo a vida continuava igual para os madeirenses e tambƩm para os turistas que nos seus hotƩis nem se aperceberam de nada. Vi-os a passearem tranquilamente na Avenida Arriaga, no Parque de Santa Catarina, enfim, nada que se parecesse com o que alguns media pintaram ao ponto de me ligarem de fora da ilha a me perguntarem se estava bem, assim como quem questiona a medo pensando que eu estaria algures no meio do mar agarrado a tronco qualquer que resistira e boiava.
Paulo Camacho
Sem comentƔrios